domingo, 26 de dezembro de 2010

ESTA É A IGREJA DE CRISTO?

Este modelo de igreja é bíblico?


Diante das arbitrariedades que observamos nas igrejas, especialmente nos grandes ministérios, me surpreendo ao constatar que os membros, vítimas destas situações, sofrem calados, se submetendo a este tipo de modelo, e por isso, sofrem constantes frustrações.
Tais acontecimentos são comuns neste modelo de igreja adotado pelos grandes ministérios: dirigentes de igrejas incompetentes e rotineiros, cujos cultos são enfadonhos, não tendo novidade, e cuja administração dos departamentos é deficiente, produzindo conflitos e estagnação; a arrecadação de dízimos e ofertas é encaminhada para a sede, ficando a congregação contribuinte impedida de aplicar estes valores em suas atividades e manutenção, sendo que para poder realizar alguma coisa necessita fazer uma outra oferta ou "vaquinha", Quando são afortunados com um dirigente competente, amigo, excelente pastor e administrador, sabem que isto vai durar pouco tempo, e que o sucessor irá desfazer tudo o que ele fez de bom, jogando novamente a congregação na antiga rotina de desgostos.... Logo a congregação começa a esvaziar, pois alguns dos membros, cansados desta situação, mudam para outras igrejas. Mas outros permanecem, submetendo-se à "vontade de Deus"...
Procurando a razão desta submissão, cheguei a conclusão já predita na Bíblia: "O meu povo é levado cativo por falta de entendimento" (Isaías 5.13): os membros se submetem a este abuso de poder por que não sabem que isto NÃO É A VONTADE DE DEUS!!!
A causa desta submissão a este sofrimento é que SE CONFUNDE A INSTITUIÇÃO COM O CORPO DE CRISTO.
Isto é um grande erro! O Ministério "X" não é a Igreja de Cristo. Quem é aluno da Escola Dominical já leu em uma de suas lições que "A Igreja de Cristo, ou o Corpo de Cristo, é formado por todos os salvos em todos os tempos, vivos, mortos ou por nascer. Ela é imaculada, ou seja, sem pecado e sem defeito, e o Próprio Senhor Jesus Cristo é a Cabeça". Portanto, o Ministério "X" apenas contém membros do Corpo de Cristo.
As igrejas locais, os grandes ministérios e suas Convenções, são Organizações humanas, ou seja, grupos de pessoas que se organizaram para um propósito. São obrigadas pelo Código Civil e pela Receita Federal a se registrarem em cartório e no CNPJ, sendo regidas pelas leis do pais de acordo com a Constituição Federal.
Entretanto, apesar de ser organizações humanas, deveriam ter finalidades exclusivamente espirituais, sendo dirigidas pelo Espírito Santo através da instrumentalidade do ministério pastoral, cujos pastores deveriam ser homens chamados e vocacionados, totalmente dedicados ao serviço do Senhor e à sua Igreja, motivados pelo digno propósito de serem homens de Deus, dirigidos inteiramente pelo Espírito Santo e para servirem à Igreja de Cristo. A sustentação financeira de tais pastores é digna, quando estabelecida pela igreja local, não sendo o objetivo maior de seu ministério o salário. Infelizmente, a realidade é outra, pois são verdadeiramente organizações humanas, onde as igrejas, os grandes ministérios e suas convenções são, em sua grande maioria, administradas humanamente, e isto em todos os seus níveis: presidência, setores e congregações. Por isso, não é o Espírito Santo quem as administra, mas são conduzidas pela politicagem, pelos interesses pessoais, pelas amizades, pelos interesses familiares e pelos caprichos humanos. Quando é efetuada a mudança de um dirigente, não podem dizer " disse o Espírito Santo: separai-me a ..."( Atos 13.2), pois não buscam esta direção em oração e jejum, mas administram humanamente a igreja. Pastores orando e jejuando para buscarem CONCORDEMENTE a vontade de Deus?! Se você pensa desta maneira, então, JAMAIS participe de uma convenção, principalmente se for dia de eleição... pastores querendo exclusicamente cumprir sua chamada, independemente de valores monetários? Infelizmente o que é comum são pastores "trabalhando" politicamente por igrejas ou setores maiores, com consequentemente, maiores salários. E aqueles que estão no final da carreira, apenas defendendo a aposentadoria, se deixando conduzir pelos familiares e subalternos, apenas "escrevendo na cartilha" do ministério, não deixando as entradas caírem, e para tanto, cortando despesas locais para enviar o máximo possível para a sede, e assim, satisfazerem seus superiores, cujo objetivo é a arrecadação financeira... É por isto, e por muitas outras causas, que as congregações sofrem. Então, pergunto: é esta a vontade de Deus para seu povo? Deus quer isto para um grupo de pessoas que se reúnem para adorá-Lo, serví-Lo e fazer Sua vontade? Creio que não, pois o próprio Senhor Jesus disse "onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali Eu estarei" (Mateus 18.20) e sabemos que "o reino de Deus consiste na justiça, na paz e na alegria no Espírito Santo" (Romanos 14.17). Portanto, não confunda a instituição com a Igreja de Cristo.
Os pastores e dirigentes destas igrejas costumam segurar os crentes utilizando o medo. É comum se colocarem como representantes de Deus e a instituição como o Corpo de Cristo, e assim, colocarem maldição e castigo em quem sair. Mais uma vez digo: não confunda a instituição com o Corpo de Cristo. Eles usam muito o texto de Hebreus 10.25, dizendo "não abandone a sua congregação". Porém, tal uso deste texto é uma manipulação do seu sentido, pois literalmente ele quer dizer "não deixe o corpo de Cristo", ou seja, não se desvie, não retorne para o mundo. Sair de uma igreja local para outra não é pecado. Pecado é trocar Cristo pelo mundo. Isto, jamais!
Onde está escrito no Novo Testamento que uma igreja local era subordinada a uma sede, e para ela deveria enviar todos os seus dízimos e ofertas? Não achamos isto em lugar algum, aliás, lemos que a igreja de Jerusalém chegou a passar por necessidades, e o apóstolo Paulo mobilizou algumas igrejas para uma doação (oferta voluntária) para aquela igreja ( 2 Coríntios cap. 8 e 9). Isto evidencia que as igrejas locais administravam suas entradas financeiras, não tendo obrigações com uma igreja-sede. Por que as grandes igrejas e ministérios adotam este modelo? Por causa do dinheiro e do poder. Além disso, o apóstolo Tiago, que era o "presidente" da Igreja em Jerusalém, não impunha sua administração e suas regras para as demais igrejas, mas quando era necessário um posicionamento doutrinário, ele reunia os demais apóstolos e os anciãos em um concílio, para chegarem a uma decisão, baseados nas Escrituras e na direção do Espírito Santo (Atos 15.6-28), não sendo uma administração ditatorial, feita por apenas um homem. Então, qual o modelo bíblico de igreja? Creio que seja uma igreja que tenha estas características:
1) Uma igreja liderada por um ministério pastoral, cujas vidas sejam comprometidas com Deus e Sua Palavra, que busquem a vontade de Deus em oração e jejum, e assim, administrem, concordemente, a igreja local;
2) Uma igreja cujas entradas financeiras sejam administradas para o bem desta igreja, para que ela possa realizar suas atividades e manutenção, como a evangelização e a obra missionária, a construção de seu templo, aquisição de instrumentos, o salário do seu pastor; etc.;
3) Uma igreja cujos membros tenham oportunidade para se expressarem através de representantes eleitos anualmente;
4) Uma igreja que seus cultos sejam sempre dinâmicos, alegres, edificantes, com verdadeira adoração e ministração da Palavra de Deus, com vida de oração, jejum e busca de Deus para santficação e serviço cristão, com frutos de almas e realizações que interfiram positivamente na comunidade onde está inserida, através de evangelização e obras sociais;
5) Uma igreja que cresça, formando novas congregações, e lhes dando autonomia, quando atingirem o necessário crescimento, ficando ligadas por uma aliança ministerial.
Pense como uma igreja assim iria prosperar, e seus membros estariam satisfeitos e felizes em serem dela participantes.
Desejo este modelo de igreja! E você?

Pr Paulo Grigório