Gênesis 15.1-5
Observe
aquele velho homem assentado dentro de sua tenda.
Sua
expressão é de desalento.
Mas
ele não é um derrotado.
Acabou
de ter uma grande vitória: resgatou os prisioneiros de duas nações
e seu sobrinho Ló das mãos de seus inimigos, que os levavam
escravos para outra nação, bem como recuperou todos os bens
roubados.
E
isto com um exército formado com os seus próprios servos!
Além
disso, Abrão era uma pessoa especial na Terra: fora agraciado pelo
Senhor Jeová com uma promessa: sua posteridade se tornaria uma
grande nação !
E
a bênção de Deus já havia se mostrado na sua vida: ele era um
homem muito, muito rico, possuindo rebanhos e servos.
Mas,
apesar de tudo isto, Abrão estava triste.
Estava
frustrado.
Frustrado
por não ter filho.
Frustrado
por que havia acreditado em Jeová, e há vinte anos atrás, por sua
ordem, deixado a pátria e parentes, mas as coisas não haviam
acontecido como ele esperava.
Frustrado
por ver aproximar-se o dia de sua morte, pois já estava com uns 80
anos, e não ver o cumprimento da promessa divina.
Tão
frustrado que já havia moldado a promessa de Jeová à sua situação:
acreditava que não teria filhos e que seu herdeiro seria seu mordomo
...
Por
isso ele estava triste e pensativo.
Mas...
de repente, ele ouve uma voz:
“Abrão,
não temas, eu sou o teu escudo; o teu galardão será muito
grande.”
Abrão
já sabia quem era, pois já era a quarta vez que ouvia aquela voz,
apesar de já se fazerem alguns anos desde a última vez que Jeová
lhe falara.
Imagine
só: Deus pessoalmente falava com Abrão! Que privilégio ele
possuía!
Porém,
o velho Abrão não demonstrou alegria em sua resposta, mas deixou
escapar tristeza em suas palavras:
“Ah!
Senhor, o que me darás, se continuo a não ter filhos, e meu
herdeiro será um escravo nascido em minha casa ?”
Que
terrível expressão!
Ela
revela uma grande decepção.
“-
Deus, me darás alguma coisa? Serei uma grande nação?! Mas nem o 1º
filho eu tive... Como se cumprirá sua promessa? “
“
- Veja, Senhor: já tenho 80 anos, e minha mulher 79. Não há como
termos filho, isto é biológicamente impossível!
Portanto,
esta história de que eu serei uma nação não vai dar certo. Jamais
serei uma nação. Até o herdeiro de meus bens será um escravo meu,
nascido em minha casa ...
Senhor,
o que me darás nestas circunstâncias? O que podes fazer por mim
agora? Será, que por acaso, não gostarias de retificar tua
promessa?”
O
homem questionava seu criador ...
Isto
não acontece conosco, às vezes?
Não
é verdade que chegamos a este estado de depressão por não vermos
as promessas de Deus se cumprirem em nossas vidas?
Não
chegamos a pensar em mudar as promessas, adaptando-as à nossa atual
situação? Pensando que não entendemos o que Deus falou, ou
questionando se realmente era Ele mesmo...
Ficamos
cansados de esperar e não ver as coisas acontecendo conforme nossa
programação. E por isso, nos recolhemos dentro de nós mesmos,
mergulhados em profunda frustração, sem ânimo para prosseguirmos.
Somente
queremos ficar ali, escondidos, curtindo a nossa dor.
Mas,
quando Abrão estava neste estado depressivo, o Senhor não levou em
conta seu atrevimento, pois via no coração de Abrão sua tristeza,
e ternamente, mas com autoridade, lhe respondeu:
“
O seu mordomo não será o seu sucessor, mas um filho legítimo seu é
quem o será”.
É
como se Deus lhe dissesse: Abrão, pensa que o fato de você e sua
mulher serem velhos, além dela ser estéril, é impecilho para mim?
Acha que eu me limito por estas coisas? Pensa que eu, o Criador do
homem, não posso operar uma reversão da velhice humana, uma
regeneração dos órgãos procriadores?
E
o Senhor, querendo renovar a fé do seu velho amigo, o conduz para
fora de sua tenda, e lhe diz:
“Abrão,
olha para o céu, e conte as estrelas, se puder. Pois assim será a
sua descendência, numerosa como estas estrelas.”
Imagine
o velho Abrão olhar para o céu, pontilhado de milhares de estrelas,
e ficar boquiaberto, pensando:
“
Meu Deus! Eu e minha esposa ainda teremos um filho!
E além disso, ele me dará netos, e os netos me darão bisnetos, e
assim sucessivamente, até que minha descendência será uma grande
nação, numerosa com as estrelas que estou contemplando! Isto é
maravilhoso!”
E
assim, a fé e a esperança renasceram no coração daquele velho
homem, que iluminou a sua face com um sorriso, revelando um coração
repleto de novas perspectivas.
A
partir daquele momento, ele entendeu a grandiosidade da promessa
divina para com ele, e creu totalmente que teria descendentes, e não
somente isto, mas que se tornaria uma grande nação na terra!
Deus
fala com você, agora:
-
Saia da sua tenda de tristeza, emerja deste lago de amargura, e olhe
para o céu, venha contar estrelas!
Venha
visualizar as minhas possibilidades, e esqueça das suas
impossibilidades.
Pois
Deus quer que tenhamos sempre uma visão ampla daquilo que Ele pode
fazer, e não a visão mesquinha e limitada das nossas
impossibilidades.
Venha,
saia desta tenda.
Venha
contar estrelas !
Vale
a pena sair da tenda, para contar estrelas!